Limpeza máxima nos condomínios
Quem poderia imaginar a importância da limpeza para evitar a propagação de um vírus que já tirou a vida de milhares de pessoas no mundo, isso em pleno século 21? A chegada do coronavírus mudou o cotidiano nos condomínios, mas se engana quem pensa que a higienização poderá ser menos intensa após o pico da pandemia, esperado para junho.
Especialistas alertam que as ações de prevenção precisam continuar pelo menos até se encontrar uma vacina ou remédio para tratar a doença. E mais, eles defendem a incorporação definitiva de boa parte dos cuidados em nossa cultura. Junto a isso, produtos de sanitização são lançados no mercado. Por conta de tantas transformações, profissionais e órgãos de saúde orientam sobre a eficácia dos novos serviços e ensinam as melhores práticas, muitas delas legalmente obrigatórias.
A Diretoria de Vigilância Sanitária de Santa Catarina (Dive/SC) publicou em abril a nota técnica 032/2020, com orientações para condomínios. Entre elas, recomenda-se a disposição de dispensers de álcool em gel 70° nas áreas comuns e instruções de higienização, como limpar superfícies sujas com água e sabão antes da desinfecção. “Cada vez que se retira uma restrição no isolamento social, é preciso intensificar a limpeza dos espaços e das mãos, o distanciamento de 1,5 metros e o uso de máscara”, adverte a diretora da Dive/SC, Lucélia Ribas Kryckyj.
Conforme o infectologista da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, Gustavo Pinto, enquanto não houver vacina os cuidados com prevenção serão a melhor forma de vencer o coronavírus. No quesito limpeza, ele ainda considera que muitos dos novos hábitos devem ser mantidos por barrar outros vírus. “A pandemia nos mostrou o quanto estamos vulneráveis. Mesmo após se encontrar uma vacina do coronavírus poderão surgir outros vírus potentes. É normal as pessoas relaxarem com o tempo, mas é preciso manter o foco na higienização”, recomenda. O médico acrescenta que as pessoas tendem a se preocupar muito com a inalação das gotículas, que é uma fonte de contágio importante, mas “em condomínio o problema maior é o contato com superfícies contaminadas”, salienta.
Existe no mercado uma série de produtos com potencial de romper o bolsão viral e inativar o vírus. A professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tatiane de Andrade Maranhão, enumera o sabão, o álcool e o cloro ativo – presente na água sanitária. “A camada que queremos romper é uma gordura. Assim, o sabão é eficaz por ser um antigordurante e o álcool por ter suas moléculas com comportamento similar ao dessa substância. Já o cloro inativa o vírus por ter função desinfetante”, explica. A professora ressalta que os desinfetantes tradicionais também matam o coronavírus, mas é preciso seguir a concentração da embalagem e conferir o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Síndicos e moradores precisam estar conscientes
Assim que a pandemia chegou ao Brasil, a ação foi rápida no Condomínio Arquipélago, no bairro Trindade, em Florianópolis, que segue uma rotina intensa de higienização e cuidados. A síndica Adriana Lins de Souza pretende manter o rigor na limpeza e está satisfeita com a adesão dos moradores, o que é muito importante, pois o sucesso da prevenção requer a união de gestor e condôminos.
Entre as primeiras ações, Adriana determinou aos funcionários retirarem os tapetes (lavarem e etiquetarem) das portas das 188 unidades, por ser um grande foco de contágio. Optou-se por utilizar desinfetante hospitalar na limpeza de superfícies, corrimões, maçanetas e interruptores por não ser tão agressivo quanto o cloro. Na entrada do condomínio e nos halls dos sete blocos (sem elevadores), foram colocados panos com água sanitária no chão e dispensers com álcool em gel (o produto, inclusive, foi disponibilizado para moradores, com valor descontado na taxa). Também se orientou para o uso de máscaras de pano e distanciamento de 1,5 metros na área comum. “Percebi que a maioria das pessoas gostou, se sentiu protegida e aderiu às ações”, considera.
No entanto, nem todos os síndicos têm a participação efetiva dos moradores. De acordo com o advogado da área condominial Gustavo Camacho, o desrespeito à estratégia de enfrentamento ao coronavírus adotada pelo condomínio, a partir das recomendações da Secretaria de Estado da Saúde, é passível de multa. O uso de máscara de pano e o distanciamento de 1,5 metros, por exemplo, estão entre as obrigações previstas na portaria 235 da pasta. “A aplicação de eventuais advertências e penalidades está fundamentada no artigo 1.336, IV, do Código Civil, que prevê a necessidade de que todos os condôminos zelem pela saúde de todos os demais moradores, mormente em face da prevalência dos direitos coletivos em detrimento dos anseios individuais”, acentua Camacho.
Cuidado na escolha da empresa de sanitização
Com o coronavírus, o serviço de sanitização ganhou mercado, inclusive no meio condominial. Essa técnica elimina bactérias, fungos, vírus a partir de produtos desinfetantes. O modelo utilizado em condomínios é o de pulverização costal, em que o responsável pela aplicação usa um equipamento nas costas que bombeia o composto químico no ambiente. É o mesmo método de países asiáticos e europeus.
O condomínio Residencial Ilhas do Norte, em São José, optou por fazer sanitização a cada 15 dias. A síndica Tânia Regina da Silva conta que assistiu na televisão a técnica utilizada na China e procurou empresas que prestassem o serviço aqui. O Ilhas do Norte desembolsa R$ 550 para desinfecção do pátio e R$ 80 por cada um dos nove blocos, que somam 666 unidades. “Pretendo colocar a sanitização no cronograma de limpeza. Além do coronavírus, temos que nos proteger da dengue, do zica vírus”, observa.
Segundo a diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Lucélia Ribas Kryckyj, a sanitização é recomendada desde que precedida de limpeza e é eficaz se realizada periodicamente. A empresa deve estar regularizada em órgão sanitário e o produto junto à Anvisa ou ao Ibama. Conforme Kryckyj, entre os produtos utilizados estão hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, ácido peracético e quaternário de amônio.
Outro produto que ganhou destaque no mercado são os tapetes sanitizantes, também chamados de pedilúvio. São capachos de vinil, onde se despeja solução de água sanitária. A promessa das empresas é de que, ao pisar neles, os calçados são desinfetados. A diretora de Vigilância Sanitária não contraindica o produto, que deve ter registro na Anvisa. O ideal é utilizar pano com água sanitária e limpar os sapatos com água e sabão ou água sanitária para retirar matéria orgânica da sola.
Proteja a saúde dos funcionários
O síndico Márcio Ouriques é gestor de dois condomínios em Florianópolis: o Residencial Dário Mafra, com 26 unidades, e Palma de Maiorca, com 69, onde segue criteriosamente as orientações dos especialistas em saúde. Em ambos, os entregadores não podem entrar no prédio e se adotam práticas rígidas em relação aos cuidados dos funcionários, entre eles o uso de uniformes exclusivamente dentro do edifício. No condomínio maior, zelador e faxineiro utilizam luvas de borracha, máscara (que devem ser trocadas a cada duas horas) e protetor facial de plástico. “Os trabalhadores têm cada um seus armários, pratos e talheres individuais no refeitório, que usam em horários distintos. Na guarita, os porteiros fazem a higienização de todo o espaço na troca de turno”, conta Ouriques.
Segundo o advogado Gustavo Camacho, o condomínio deve dar especial atenção ao fornecimento de máscara de pano e álcool em gel aos trabalhadores, por serem considerados equipamentos de proteção individual (EPI) neste momento de pandemia. “Além de eventuais autuações a serem realizadas pelos auditores do Ministério Público do Trabalho, caso o obreiro venha a adoecer, se o condomínio não comprovar o atendimento de todas as orientações sanitárias das autoridades de saúde, este fato poderá ser considerado como ‘acidente do trabalho’, de acordo com o entendimento atualizado do STF (na suspensão de eficácia dos artigos 29 e 30 da MP 927/2020)”, adverte o advogado.
Outro cuidado fundamental, segundo a professora do Curso Técnico em Enfermagem do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Angela Kirchner, é limpar constantemente banheiros coletivos de funcionários, que precisam estar munidos de sabonete líquido, papel toalha e álcool em gel. Ela ainda adverte: “Assim que o transporte coletivo retornar, deve-se sempre usar máscara no ônibus, prender os cabelos e higienizar as mãos depois de encostar em pegadores assim como o celular frequentemente, e seguir as orientações de distanciamento dos demais”, diz.
Principais recomendações de limpeza
A seguir, confira os cuidados fundamentais com a limpeza no condomínio, conforme orientações da professora Angela Kirchner, uma das responsáveis por cursos de capacitação em higienização para trabalhadores em serviços gerais do IFSC – campus Florianópolis.
Fontes de contaminação
Em especial: corrimões, cabines de elevadores, maçanetas, interfones e caixas do correio. Garagem também é fonte de contaminação, por isso, importância de deixar pano na porta com água sanitária.
Produtos eficazes
O produto mais acessível para higienização é a água sanitária, que deve ser usada na proporção de uma parte por três de água, concentração indicada para limpeza do chão. Pelo cloro corroer metais, o mais indicado para desinfetar maçanetas, corrimões, botões de elevador e superfícies é o álcool 70° ou desinfetantes de uso comum (conforme concentração germicida indicada no rótulo).
Periodicidade
A limpeza deve ser constante e depende da circulação de pessoas. Em um prédio com seis apartamentos por andar, por exemplo, o chão deve ser limpo no mínimo uma vez ao dia. Já a higienização de maçanetas, corrimões e bancadas, assim como elevadores, se recomenda a cada duas horas.
Higienização das mãos
O ideal é lavar com água e sabão (líquido ou em barra) por pelo menos 20 segundos, desde palma da mão, dorso, entre os dedos e suas pontas e punhos. Ou seguindo o mesmo procedimento utilizando álcool em gel 70°.
Circulação de pessoas na área comum
Ao usar a área comum, é importante que os moradores circulem de máscara, mantenham distanciamento de 1,5 metros, evitem tocar superfícies, passem álcool em gel nas mãos antes e depois de tocar em maçaneta ou acionar botão do elevador. Esse equipamento deve ser utilizado por uma família ou pessoa por vez.
Compras do prédio
Todas as compras devem ser higienizadas. A orientação é lavar as embalagens, como as de produtos de limpeza, com água e sabão. Não sendo possível, serve o álcool 70°. Em ambos os casos é preciso esfregar, pois a fricção ajuda a eliminar o vírus. É importante não se esquecer de limpar os locais onde foram depositadas as compras, antes do processo de higienização.
Erros mais comuns
- Manter tapetes e capachos nas portas e ainda sacudi-los na expectativa de limpá-los. Um grande problema, pois recebem a sujidade da rua e são vetores de germes, inclusive o coronavírus. Por isso, é tão importante retirá-los. Pode-se colocar nas portas um pano umedecido com água sanitária, na proporção de um quarto de água sanitária para três quartos de água.
- Não seguir a regra de limpar os espaços de cima para baixo e do menos para o mais sujo. Assim, o teto deve ser sempre o primeiro, por ser o menos contaminado, segue parede e chão. No caso de banheiros, o vaso sanitário tem que ficar por último, o que nem sempre ocorre.
- Limpar o corredor com trânsito de pessoas. O correto é higienizar um lado interditando-o e, depois de liberá-lo, seguir para o outro.
Fonte: Condomínios SC – Roberta Kremer
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