Pombos em condomínios exigem cuidados
Controle pode ser feito por moradores evitando oferta de alimentos, água e abrigos
Protegidos por lei de crimes ambientais por fazerem parte da fauna brasileira, os pombos, portanto, não podem ser abatidos ou maltratados nos locais que escolheram para se abrigar. Por isso, pode-se realizar apenas o manejo dessas aves com técnicas e algumas alternativas para desalojá-las e impedir o seu pouso já que o maior problema, além da sujeira e do barulho que fazem, é a transmissão de doenças. Uma situação que vem preocupando gestores de condomínios como ocorreu com a síndica Daiana Ilha Gomes.
Responsável pelo Porto Caravelas, em Florianópolis, condomínio com 396 unidades, distribuídas em18 blocos de quatro andares, Daiana diz que as aves faziam ninhos nas chaminés das churrasqueiras, ficavam nos beirais, sujavam as sacadas e as paredes. “Chamamos algumas empresas para fazer orçamentos e mostrar o que poderia resolver a situação. Levamos o assunto à assembleia e optamos pelo que foi realizado aqui”, explica Daiana.
A solução foi fechar as chaminés com tela galvanizada e nos beirais foi colocada uma cerca com fio de nylon – em formato de varal- com quatro fios. Assim, o pombo perde o equilíbrio e vai embora. “Depois que fechamos as chaminés, eles não tiveram mais como fazer ninho e desapareceram. Os pombos que estavam alojados com ovos e filhotes levamos para a UFSC”, relata.
De acordo com o técnico em dedetização, Anderson Vargas, os métodos usados para controle de pombos em condomínios variam conforme a arquitetura e local de infestação. Eles vão desde a utilização de gel repelente, espículas até instalação de telas, ou a soma de todos.
“Há casos em que os pombos conseguem fazer grandes pombais dentro dos telhados superiores que, além das fezes, acabam infestando o ambiente de piolhos (que também transmitem doenças) que chegam a descer pelas tubulações de energia e entram nos apartamentos. Também se instalam nas caixas de ar-condicionado”, destaca, ao lembrar que as fezes, além da transmissão de doenças, danificam pinturas de carros e fachadas por serem extremamente ácidas.
Mas o método de desalojamento mais eficaz para condomínios, segundo ele, é a instalação de hastes fixa com fio de nylon, gel repelente e vedação de entrada em telhado com telas e espículas. Além das técnicas, empregadas, Anderson ensina que é preciso retirar as fezes e ninhos, promover a limpeza e desinfecção do ambiente com dedetização para piolhos.
DOENÇAS E PREVENÇÃO
Transmissores de inúmeras doenças como histoplasmose, toxoplasmose, salmonella e criptococose (fungos presentes nas fezes dos pombos, que são transmitidos ao ser humano pelas vias respiratórias através do vento), os pombos se proliferam nos centros urbanos devido à facilidade para encontrar alimento e abrigo. Praças e edifícios tornam-se os locais adequados para se alimentarem e alojarem os ninhos. Como consequência, muitas fachadas e telhados acabam danificados e sujos, trazendo sérios prejuízos como entupimento de calhas, danificação em forros de madeira, sujeira e a possível veiculação de doenças por meio das fezes.
“Para evitar transtornos, é preciso agir preventivamente reduzindo a acessibilidade, a água, o alimento e o abrigo. Cortando os quatro componentes, haverá uma diminuição na presença dessas aves e qualquer outro tipo de animal agente de transtorno público”, ensina Anderson.
ARQUITETURA CONTRIBUI PARA SOBREVIVÊNCIA
A ausência ou pequena existência de aves de rapina, predador natural das pombas em ambientes naturais, para o controle de aves doentes e fracas, é também uma das razões destacada pelo gerente do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de Florianópolis, zootecnista André Grippa, para adaptação de pombos em áreas urbanas. Oferta abundante de abrigo também contribui para a sua sobrevivência. “A arquitetura de edifícios, monumentos e obras de engenharia dispõem de uma quantidade enorme de vãos, frestas e espaços que servem adequadamente para o pouso, e formação de ninhos, protegendo os pombos das intempéries, mesmo em locais onde a falta de verde é significativa”, explica o zootecnista.
Ao apontar que a maior proliferação se dá nos meses quentes, André Grippa lembra, contudo, que o aumento das aves também é resultado da hiperalimentação. “Elas são pouco seletivas em sua alimentação e em meios urbanos as fontes de alimentação artificial são muito amplas e diversificadas, quer seja pela desordenação na destinação de resíduos provenientes de atividades humanas em todos os níveis, individuais ou coletivos, quer pela alimentação oferecida por pessoas na comunidade de forma eventual ou permanente”, acrescenta.
Saiba Mais
• O manejo dos pombos é composto pelo impedimento do acesso ao alimento, à água e ao abrigo.
• Para desalojar os animais quando esses estiverem no forro dos telhados ou dentro das residências pode ser usada a naftalina na proporção de um quilo para cada dez metros quadrados (1kg/10m²). A naftalina causa irritação nessas aves não sendo nociva a elas. Outra opção são géis atóxicos e repelentes específicos;
• Consertar falhas em estruturas que permitam a nidificação dos pombos, ou seja, a construção de ninhos;
• Vedar as bordas entre os telhados e a laje para impedir o acesso dos pombos nos espaços entre o telhado e o madeiramento;
• Impedir que os pombos pousem nos parapeitos de janelas usando espículas e/ou espetos dispostos sobre os parapeitos de forma a impedir o pouso dessas aves;
• Pombos não gostam de pousar em superfícies inclinadas. Para impedir o seu pouso pode-se construir um parapeito com inclinação de 45 graus, ou mais inclinado;
• Estruturas refletoras de luz como espelhos, fitas metálicas e chapas de alumínio causam um incômodo visual nos pombos, afastando-os dos locais temporariamente.
Os pombos são aves que compõem a fauna brasileira e, por isto, são protegidas pela Lei Federal n. 9605/1999, Lei de Crimes Ambientais, não podendo ser molestadas ou abatidas. Caso sejam esgotadas todas as alternativas de manejo, o controle de pombos pode ser autorizado pelo órgão competente, conforme a Instrução Normativa do IBAMA n.141/2006.
Fonte: Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de Florianópolis
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